Mar
14
2025

Aduff e Andes-SN participam de homenagem a Marielle e Anderson: 7 anos de luta por justiça

Jornada de Lutas pelo cumprimento dos acordos de greve, em Brasília, incorporou às atividades da militância a homenagem às vítimas do crime político que chocou o país em 2018

Aduff e Andes-SN participam de homenagem a Marielle e Anderson: 7 anos de luta por justiça / Scarlett Rocha/Sinasefe

Há sete anos o luto foi transformado em luta pelas famílias da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que ao lado de muitos outros representantes da sociedade civil, seguem reivindicando justiça diante da brutal execução ocorrida no Rio de Janeiro. Desde então, a data de 14 de março tornou-se um dia de reafirmação do compromisso político em respeito aos Direitos Humanos, às liberdades democráticas e das populações negra e LGBTQIA+; contra todas as formas de discriminações e contra os abusos policiais nas incursões em favelas. 

Nesta semana, por iniciativa de deputados do Partido Socialismo e Liberdade (PSol), ao qual Marielle Franco era filiada, a Câmara dos Deputados prestou uma homenagem à vereadora do Rio de Janeiro. A solenidade contou com a presença de familiares e amigos de Marielle e de Anderson, além de militantes do Andes-SN que participavam da Jornada de Lutas do Funcionalismo Público Federal – semana de mobilização, em Brasília, para pressionar o governo Lula da Silva a cumprir os termos do acordo de greve assinado em junho de 2024. A docente Susana Maria Maia, da UFF em Rio das Ostras, esteve na atividade representando a Aduff-SSind – instituição na qual é dirigente. 

"Além de recuperar a memória e a trajetória de luta de Marielle, a homenagem na Câmara dos Deputados refutou a tentativa covarde de fazer calar sua voz. Foi ainda um momento de denúncia e de exigência de responsabilização dos mandantes do assassinato de Marielle e Anderson, exigindo a imediata cassação do Deputado Chiquinho Brazão e a retirada de privilégios do ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão, e do ex-delegado da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa", disse a docente.

Clique aqui e assista o vídeo da solenidade na Câmara dos Deputados
Fotos acima: Eline Luz/ Andes-SN

Susana Maia defende a continuação das investigações sobre a execução de Marielle e Anderson, a fim de identificar todos os envolvidos nesse crime político. "O Estado brasileiro não pode coadunar com o uso da violência como forma de silenciar corpos, vozes, lutas!", considerou. A docente também lembrou da frase dita por Marielle, dias antes de ser assassinada, quando se levantava contra as incursões policiais nas favelas do Rio: "Quantos mais precisarão morrer para que essa guerra acabe?" "Esse grito de Marielle ainda ecoa em nossas vozes e lutas", afirmou Susana Maia. 

De acordo com a professora, apesar de toda a violência que envolve a data de 14M, o legado de Marielle Franco permanece e se torna mais fortalecido. "Sua luta segue viva como semente em tantas defensoras e defensores dos direitos humanos, do combate às opressões de gênero, raça e etnia, da luta contra as milícias e o fascismo, da defesa da democracia, entre tantas causas e bandeiras que mantém viva a Luta e Presença de Marielle. Marielle vive!", afirmou Susana Maia.

Marielle e a UFF

Além de importante liderança política, Marielle Franco teve relação com a Universidade Federal Fluminense, instituição onde defendeu a dissertação “UPP: a redução da favela a três letras”, obtendo o grau de Mestre em Administração Pública. O trabalho, disponível para consulta, foi orientado pela docente Joana D'Arc Fernandes Ferraz - que integra a diretoria da Aduff-SSind.

"Nossa relação foi muito gentil e amorosa", considera a professora, para quem "Marielle foi morta por lutar contra o seu maior inimigo, desde que nasceu: o Estado e o seu aparato de terror". 

Segundo a docente, a hipótese central da Dissertação de Mestrado é que as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) foram definidas como uma política de segurança pública do governo do estado do Rio de Janeiro, realizada por meio de um convênio com o governo federal, que tinha como meta a ocupação das Forças Armadas nos territórios ditos violentos e perigosos, a partir do Decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) (nº 7.974, de 1º de abril de 2013).

De acordo com Joana, a favela da Maré é o modo pelo qual Marielle Franco analisou a implantação desta política, o projeto de criação das UPPs, fazendo uma leitura minuciosa dos documentos e dos discursos motivadores da sua implantação. "Ela conclui que a UPP, que se define como uma política pública, reforça o Estado penal, integrado ao projeto neoliberal. Além de denunciar as ações violentas e de afirmar que não é possível assegurar a paz e a segurança com ações policiais, Marielle apresenta algumas propostas de intervenções, a fim de construir mecanismos possíveis para acesso da população à segurança pública", revela a professora.

Para a dirigente da Aduff-SSind, é "impossível falar em democracia, direitos humanos, cidadania e tantos outros temas defendidos pelo projeto liberal se não conseguimos até agora investigar a execução sumária de uma vereadora da cidade do Rio de Janeiro". 

"Nesses sete anos, desde a sua execução, as mesmas perguntas nos rondam: quem mandou matar Marielle? Por que a mataram? A quem interessa sua execução?", indaga Joana.

Da Redação da Aduff
Foto única em destaque: Scarlett Rocha/Sinasefe

Aduff e Andes-SN participam de homenagem a Marielle e Anderson: 7 anos de luta por justiça / Scarlett Rocha/Sinasefe

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