Dez
19
2018

Com Festival de arte e cultura, Colégio Pedro II defenderá escola democrática e sem censura

 

Festival organizado pela comunidade escolar será nesta quarta (19), a partir das 18h, e terá exposição de educadores e música com Orquestra Voadora e o bloco “É Tudo ou Nada”, entre outros

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Faz cerca de 20 dias, a arte e a cultura foram os protagonistas na UFF na defesa da educação democrática e na rejeição às ameaças de retrocessos autoritários e ultraconservadores na universidade pública, com a Mosca, primeira edição da Mostra de Arte e Cultura Pela Democracia. Agora, novamente educadores e artistas se unem, no centenário Colégio Pedro II, para defender a escola pública, gratuita, laica e na qual as liberdades democráticas, incluindo a de cátedra, sejam respeitadas.

O Festival terá música, poesia e grafite. Antecederá as apresentações artísticas, uma exposição de três educadores sobre a escola pública e os desafios que ela enfrenta diante de projetos conservadores, apontados por seus organizadores como uma tentativa de amordaçar o professor e eliminar o pensamento crítico das salas de aula. Ocorrerá no Teatro Mário Lago, que fica no campus do Colégio Pedro II (CPII) em São Cristóvão (Campo de São Cristóvão, 177). A entrada é franca e, como ressaltam os materiais de divulgação do evento, aberta a todos os interessados em defender a educação pública e democrática.

Quem vai ao Festival

 

O festival teve a presença confirmada dos seguintes artistas e grupos musicais: Orquestra Voadora, Bloco Tudo ou Nada, Doralyce, Bia Ferreira e UsNeguin Q N C Kala. Haverá ainda a participação do grafiteiro David Amen e da atriz Tereza Seiblitz, que ficou conhecida do grande público ao protagonizar uma cigana na novela “Explode Coração”, da Rede Globo. A apresentação ficará a cargo do agitador cultural Lencinho.

As exposições dos docentes sobre o tema que estará em pauta no palco ficará a cargo de Fernando Penna, da Faculdade de Educação da UFF e do Movimento Por Uma Educação Democrática, e de Luiza Colombo e Matheus Castro, ambos do Colégio Pedro II.

 

Organização

 

O evento é organizado pela Frente CPII Sem Mordaça, que reúne estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes, pais e responsáveis por estudantes e as entidades representativas locais. O movimento contesta projetos como o Escola Sem Partido, que tenta limitar a liberdade de cátedra, coibir a troca e a pluralidade de ideias e impedir que temas como gênero, discriminação, racismo ou LGBTfobia sejam debatidos na escola. Também defende mais recursos para a educação, fim dos cortes orçamentários na área, garantia de concurso público para que as escolas tenham educadores não precarizados e a valorização dos profissionais da educação.

Por que participar

 

Para divulgar o evento, foram gravados alguns vídeos que circulam nas redes sociais. "É uma iniciativa que busca agrupar forças para resistir a essa onda conservadora que quer acabar com a educação de qualidade, Não podemos aceitar qualquer tipo de opressão ou violência", diz o professor Matheus Castro. A estudante Manuela, do CPII no campus do Humaitá, destaca a importância do festival. “Fazer um evento desse porte em uma instituição federal que é uma escola pública já é ato de resistência, pois estamos fazendo com que diversas pessoas de diversas classes sociais, diversas raças tenham acesso a algo que é de extrema importância, termos contato com esses movimentos artísticos que debatem sobre questões que de certa forma refletem diretamente na gente”, diz.

Artistas

O ator e humorista Gregório Duvivier, do Porta dos Fundos, também gravou vídeo no qual ressalta a importância da atividade e reforça o convite à participação. Duvivier avalia que a reforma necessária ao ensino não passa pelas propostas defendidas pelos grupos conservadores que tentam cercear a voz nas salas de aula e limitar o conteúdo e as disciplinas. “Não pode passar pelo cerceamento do professor, da liberdade do professor em sala de aula. Mas, ao contrário, tem que passar pelo empoderamento do professor como sujeito pensante, que por sua vez vai formar sujeitos pensantes, que são os alunos, e isso o Pedro II tem feito maravilhosamente”, diz.

Em 2016, Gregório Duvivier visitou e participou de uma roda de conversa no complexo do Colégio Pedro II em São Cristóvão. “Eu fui à ocupação do Pedro II em São Cristóvão e fiquei ainda mais fã dos alunos, funcionários, professores, porque lá só tem gente que pensa, gente que sabe ler o mundo e que está interessado em mudá-lo”, afirma no vídeo que convoca o Festival CPII Sem Censura.

A atriz Tereza Seiblitz explica por que vai ao Festival CPII Sem Censura: “A educação é o que liberta, é a ferramenta para mudar alguma coisa na direção da justiça social, distribuição de renda. O que [possa ocorrer] com o Pedro II e a educação me preocupa muito. Esse projeto [que tenta impor a censura] é muito perverso, muito cruel e acachapante. Esses encontros são muito importantes para gente fortalecer um grupo que pensa e que quer justiça social, o bem dividido para todos”, disse a atriz. Assim como Duvivier, Tereza destaca a qualidade do ensino no CPII, onde, afirma, gostaria que seus filhos estudassem.

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