Nós, docentes da UFF reunidos em Assembleia Geral da ADUFF realizada em 19 de março, prestamos aqui toda nossa solidariedade aos trabalhadores terceirizados da UFF e nosso apoio à greve que os mesmos iniciaram ontem, dia 18 de março, devido ao não pagamento de seus salários.
Consideramos há muito tempo nefasta a escolha pela terceirização de trabalhadores em nossa Universidade, e defendemos que todos nós tenhamos os mesmos direitos e garantias, pois todos fazemos trabalho necessário para a universidade em seus muitos âmbitos e demandas. A universidade precisa de limpeza, segurança, alimentação e manutenção da mesma forma que precisa de professores, alunos, infraestrutura e computadores. Somos uma comunidade e dependemos uns dos outros para funcionar.
Somou-se à precariedade trabalhista, nos últimos anos, a falta de pagamento de salário a esses trabalhadores terceirizados. Um salário que já se situa perto do mínimo e é a única fonte de renda de centenas de trabalhadores, que dele dependem para sustentar a si e suas famílias. Temos que notar que essa prática está instalada nas administrações superiores das universidades públicas e se repete em inúmeras outras, além da UFF. Estas administrações, vendo seu orçamento diminuído, decidem cortar gastos, ou adiar pagamentos, justamente dos que ganham menos e menos conseguem se mobilizar para fazer frente a sua própria exploração. Esses trabalhadores vêm sofrendo há anos com o não pagamento de seus salários, somado às incertezas quanto à continuidade do contrato, à intensa rotatividade e à notória falta de direitos trabalhistas e previdenciários, o que caracteriza sua clara condição de super-exploração.
Somos solidários aos trabalhadores terceirizados e nos manteremos atentos e unidos para sempre melhorar as condições de vida e trabalho de todos os seguimentos da comunidade universitária. Por isso, julgamos um avanço que estes trabalhadores tenham iniciado sua greve, de justíssima causa, e estejam buscando dar publicidade aos seus problemas. Sua mobilização serve para indicar possíveis alternativas à administração universitária, que deve, em nosso ver, reconsiderar a decisão desumana e cruel de cortar justamente a carne dos que menos têm para viver.