Mar
31
2020

“Governo Bolsonaro não consegue esconder o desprezo à vida”, diz pesquisador Rafael Vieira

Docente repudia exaltação do regime que silenciou, torturou e assassinou brasileiros

Nesta terça-feira (31) – marco dos 56 anos da ditadura civil, empresarial militar – autoridades da República brasileira manifestaram-se em defesa do golpe de 1964. 

“As Forças Armadas intervieram para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições”, postou o vice-presidente Hamilton Mourão no Twitter. Fernando Azevedo e Silva - Ministro da Defesa; Ilques Barbosa Junior - Comandante da Marinha; Edson Leal Pujol - Comandante do Exército e Antônio Bermudez - Comandante da Aeronáutica assinaram a nota de 31 de março de 2020 saudando o golpe de 1964, que instaurou a ditadura civil empresarial militar no país. "Foi um marco para a democracia brasileira", afirma a nota.

Inaceitável

Para o pesquisador Rafael Vieira, docente do curso de Serviço Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro, é inaceitável que os poderes da república exaltem a ditadura civil-empresarial-militar – forma de governo que cassou direitos políticos e constitucionais, torturou e assassinou opositores.  Para ele, a ditadura significou um retrocesso para a formação da sociedade brasileira. 

“Esse tipo de declaração a favor da ditadura é absurdo, embora seja algo reiterado por parte deste governo. Bolsonaro - em toda a sua história política e durante todo o processo eleitoral - exaltou pessoas como Garrastazu Médici e o torturador Brilhante Ulstra”, lembra o docente.

Rafael Vieira é ex-professor do Curso de Políticas Públicas da UFF em Angra dos Reis e também um dos organizadores do livro o livro “Atitudes de Rebeldia: as formas da universidade tecnocrática, o aparato vigilante/repressivo e as resistências dos professores da UFF durante a ditadura", publicado pela Aduff em 2018 como fruto de Grupo de Trabalho local de História do Movimento Docente da Aduff (GTHMD).  O trabalho de pesquisa foi coordenado por Wanderson Melo, professor da UFF de Rio das Ostras, também coorganizador da publicação. 

Para Rafael Vieira, sobretudo nesse momento histórico, esse tipo de declaração é altamente preocupante por duas razões fundamentais. Uma delas é a utilização do quadro de crise sanitária global para promover o fechamento do regime e a ampliação das restrições e implementação de reformas impopulares – “o que certamente está na mente de uma figura autoritária como o Bolsonaro e o seu vice-presidente, Mourão”, considera Rafael Vieira. 

Além disso, há um desrespeito profundo do governo Bolsonaro à vida. “A preocupação central do presidente é com os seus financiadores, com o processo de acumulação de capital neste país e não com a saúde e a vida das pessoas. Ele não consegue esconder esse desprezo e segue promovendo medidas irresponsáveis – como o incentivo para as pessoas romperem com o confinamento - diante da pandemia do coronavírus”, analisa Rafael.

Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!
Ditadura nunca mais!

Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira

 

Additional Info

  • compartilhar: