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Jun
09
2020

Reunião conjunta dos Setores do Andes-SN critica negligência do governo para lidar com a pandemia

Entre os encaminhamentos, foi aprovado que as seções sindicais defendam a autonomia das IES em restabelecer o calendário acadêmico quando da retomada das atividades presenciais

Representantes de 57 seções sindicais do Andes-SN participaram da reunião virtual conjunta dos setores, envolvendo as Instituições Federais de Ensino (Ifes) e as Instituições Estaduais e Municipais de Ensino (Iees/Imes), na última sexta-feira (29). Pela Aduff, esteve a professora Marina Tedesco. 

A pandemia da Covid-19, a conjuntura de crise política entre os poderes do país, e os ataques aos trabalhadores foram assuntos tratados na reunião. Os docentes criticaram o aumento nos números de casos e a naturalização dessas mortes pelo governo federal, que tem agido de forma negligente em relação à saúde da população. Jair Bolsonaro minimiza os riscos da Covid-19, contrariado pesquisas científicas, incentiva o fim do isolamento e tem evitado a publicização dos dados oficiais sobre contágio e óbitos no país.  

“A pandemia assume um caráter de classe e gênero com grande impacto sobre a classe trabalhadora: mortes nas periferias e violência doméstica”, sintetiza o relatório da reunião unificada dos Setores, cuja íntegra pode ser lida ao final. 

De acordo com os participantes, o governo tem avançado em sua agenda econômica neoliberal e há risco de recessão mundial - o que pode levar a outras medidas de austeridades contra os direitos dos trabalhadores, a exemplo do Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 39/2020, que congela salários do funcionalismo até dezembro 2021. 

Em outro momento da reunião, os docentes também se voltaram para debater a Educação a distância (EaD), o ensino e o trabalho remoto, buscando diferenciá-los. O ANDES-SN tem acúmulo de discussões e análises sobre o tema e segue defendendo o ensino presencial como forma hegemônica de modelo de ensino, bem como o tripé ensino-pesquisa-extensão. 

“A reunião foi importante para identificar a pressão nacional que está sendo feita para que se retorno o ensino, de alguma forma.  E em todos os casos identificamos que há exclusão e que as propostas não estão sendo pensadas para os estudantes das periferias, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outros segmentos populares. Combater a elitização e a exclusão nas instituições de ensino foi uma preocupação de todos”, comentou Eblin Farage, docente do Curso de Serviço Social da UFF e dirigente do Andes-Sindicato Nacional. 

Segundo Eblin, os participantes reiteraram a necessidade de combater o governo federal, considerado de extrema direita. “A posição da direção nacional de assinar o pedido de impedimento do presidente Jair Bolsonaro foi reconhecida como importante e necessária neste contexto”, afirmou a professora. 

Encaminhamentos aprovados 

1. Que o ANDES-SN e suas Seções Sindicais se incorporem nas atividades de junho construídas pelas Frentes Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo e as Centrais sindicais, assumindo o calendário do Fora Bolsonaro e Mourão pelo fim desse governo;

2. Que o ANDES-SN faça um ofício para o MEC reivindicando que os processos internos das IFES sejam respeitados no que se refere à eleição de reitore(a)s e que não sejam, em hipótese alguma, indicado(a)s interventore(a)s. A AJN poderá orientar as assessorias jurídicas das seções sindicais, onde for necessário, para construir a ação local;

3. Que as Seções Sindicais impulsionem debate, no interior das IES, sobre as adaptações necessárias para o período posterior ao isolamento social;

4. Que as Seções Sindicais defendam a autonomia das IES em restabelecer o calendário acadêmico quando da retomada das atividades presenciais;

5. Solicitar informações das Seções Sindicais sobre “plano de contingência”, “plano de biossegurança” e outros das IES;

6. Solicitar informações das Seções Sindicais de diagnósticos que estejam sendo realizados nas IES sobre condições tecnológicas da comunidade acadêmica;

7. Que as Seções Sindicais estimulem o debate sobre as possíveis soluções transitórias para o trabalho remoto em cada IES, com monitoramento constante da luta e correlação de forças, para evitar que atividades transitórias se tornem permanentes;

8. Que as Seções Sindicais façam a luta política para que não seja implementada nenhuma nova forma de controle do trabalho docente nesse período de pandemia e que nos locais que existam tal controle que lutem para que não expressem assédio moral sobre o(a)s professore(a)s;

9. Que a diretoria avalie a realização de uma campanha de comunicação, a partir de sugestões do GTPE, com os princípios do ANDES-SN sobre a EaD.

Confira a íntegra do relatório em https://www.andes.org.br/diretorios/files/PDF/pdfre3/Circ183-20.pdf

Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira, com informações do Andes-SN