Jun
18
2020

Após 14 meses, Weintraub deixa o comando do Ministério da Educação

Em meio às várias polêmicas, ele responde a inquérito no STF por suposto crime de racismo contra chineses e envolvimento com fake news 

Após 14 meses, Weintraub deixa o comando do Ministério da Educação / Agência Brasil

Após 14 meses à frente do Ministério da Educação, o economista Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub anunciou na tarde desta quinta-feira (18) a saída da função. O agora ex-ministro disse existir a possibilidade de que seja indicado para ocupar cargo no Banco Mundial, em Washington, o que depende da aprovação de oito países. Ainda não há substituto para a pasta que, desde a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência, foi instrumentalizada para legitimar um projeto de poder afinado com o conservadorismo e os princípios privatistas.

"Não temos a expectativa de que, mediante o projeto de poder Bolsonarista, a pasta seja ocupada por alguém com o mínimo de bom senso para compreender a Educação a partir de uma perspectiva universalista e inclusiva, dados os fatos que o próprio governo produz e promove, em meio à nomeação de terraplanistas e gestores anticientificistas para cargos de expressão no ambiente acadêmico. Mas podemos afirmar, sem qualquer dúvida, que Weintraub foi um dos piores ministros da Educação de todos os tempos, não por não dominar a norma culta da escrita ou pelos inúmeros erros de português ao se comunicar, mas por ter deixado claro a falta de compostura e ética para assumir um dos mais importantes e estratégicos ministérios no país. Além disso, empreendeu um projeto privatista e tentou de diversas formas tentativas para desqualificar os docentes, os estudantes e os técnicos que atuam na Educação Pública", considera Marina Tedesco, presidente da ADUFF. 

Weintraub foi o segundo a ocupar a função, anteriormente sob a responsabilidade do filósofo ultraconservador Ricardo Vélez, colombiano defensor do movimento ‘Escola Sem Partido’.

Se durante a gestão de Vélez o MEC viveu um momento de paralisia, durante o comando de Weintraub houve aceleração das tentativas de desmonte da Educação Pública Superior, seja pelo corte no orçamento, seja pela apresentação de uma proposta privatista no molde do 'Future-se'. Além disso, o ministrou se empenhou em uma campanha de difamação dos servidores públicos federais, atingindo, especialmente, os professores universitários, e de estudantes. 

Embora ninguém nunca tenha visto ou ouvido falar, Weintraub afirmou, sem apresentar provas, existir 'plantações extensivas de maconha nas universidades federais, a ponto de precisar de borrifador de agrotóxico'. Entre outras polêmicas, também foi advertido, unanimemente, pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República por falta de decoro no exercício do cargo, após ter comparado os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff aos 39kg de cocaína encontradas em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) durante viagem de Jair Bolsonaro ao Japão.

No contexto de pandemia da Covid-19, tentou a todo custo transmitir a ideia de normalidade e afirmou diversas vezes a manutenção do calendário do Enem - Exame Nacional do Ensino Médio, que acabou sendo adiado.

Deixa o MEC dias após a publicização de um vídeo em reunião ministerial na qual ofendeu os ministros do STF, chamando-os de vagabundos e manifestando o desejo de que fossem presos. É também suspeito de envolvimento em rede de disseminação de fake news e responde a outro inquérito no STF sob acusação de racismo contra os chineses. No último ato antes de cair, Weintraub suspendeu uma portaria que apontava diretrizes para implementação da política de cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência na pós-graduação de universidades federais.

Da Redação da ADUFF

Após 14 meses, Weintraub deixa o comando do Ministério da Educação / Agência Brasil

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