Set
28
2020

Andes-SN e Aduff repudiam declaração lgbtfóbica do ministro da Educação

Em nota, Andes-SN afirma ainda que o ministro Milton Ribeiro evidencia seu descaso com a população quando diz que a desigualdade social no Brasil não é problema do MEC ou do governo federal

 

 

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF

O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e a Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense (Aduff-SSind) repudiaram as declarações do ministro da Educação, Milton Ribeiro, nas quais ele associa a homossexualidade como resultado de “famílias desajustadas".

O Andes-SN divulgou nota, que a Aduff reproduz logo abaixo. Nela, o Sindicato Nacional ressalta que o Brasil é o país onde mais pessoas LGBTQIA+ são mortas por crimes de ódio e que a homofobia e a transforbia são crimes desde 2019. Observa, ainda, ser notório que a base ideológica do governo do presidente Jair Bolsonaro é calcada na lgbtifobia, a misoginia e o racismo. Para o Andes-SN, o caso em questão, presente em uma entrevista dada pelo ministro ao jornal "O Estado de São Paulo", é mais um exemplo do uso do Estado "para atacar e discriminar outras tantas formas de arranjos familiares hétero ou homoafetivos". Na mesma entrevista, Milton Ribeiro diz não ser responsabilidade do MEC e do governo federal resolver os problemas relacionados a maior exclusão escolar, devido à adoção do ensino remoto na pandemia, decorrentes das desigualdades sociais existentes no país.


Íntegra da nota do Andes-SN em repúdio à declaração do ministro da Educação

O ANDES-SN repudia as declarações do Ministro da Educação, pelo seu caráter discriminatório e criminoso, já que reproduziu falas LGBTIfóbicas. É notório que o governo Bolsonaro tem como base ideológica a lgbtifobia, a misoginia e o racismo, tão reforçados pelos grupos fundamentalistas cristãos e seus líderes fanáticos.

Em vez de independente da sua posição religiosa, respeitar a laicidade do Estado Brasileiro, assegurada pela Constituição Federal de 1988, tenta utilizar dos aparatos do Estado para criminalizar e perseguir a comunidade LGBTQIA+.

Desde o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, passando por Abraham Weintraub, Carlos Alberto Decotelli, e agora Milton Ribeiro, o Ministério da Educação (MEC) se tornou um lugar onde o que menos existe é Educação. Um gabinete paralelo de ódio e intolerância foi instaurado, com publicações de fake news, ataques contra Universidades, Institutos Federais e CEFET, com tentativas de cerceamento da liberdade de expressão e autonomia docente, visando acabar com a diversidade social, cultural, étnica, credo, identidade de gênero e de orientação sexual, que tanto defendemos nos espaços de ensino, pesquisa e extensão.

No mais recente ataque odioso e preconceituoso, o ministro da educação, Milton Ribeiro, associou a homossexualidade como resultado de “famílias desajustadas”. As declarações abomináveis do ministro da educação, além de homofóbicas, relacionando a homossexualidade à doença ou ainda “opção”, coloca a escola enquanto um espaço excludente, de reprodução de discriminações e violência. Ribeiro evidencia seu descaso diante da população quando exime o MEC e o governo federal da responsabilidade sobre as inequidades existentes no país.

O Brasil é o país onde mais são mortas pessoas LGBTQIA+ por crimes de ódio. Declarações como a do referido ministro reforçam essa vergonhosa estatística. Lembramos que, desde 2019, a homofobia e a transfobia são crimes no Brasil, de acordo com decisão do STF.

Cabe lembrar, ainda, que os setores fundamentalistas e preconceituosos do governo, definem por família apenas aquele núcleo familiar tradicional, homem, mulher e filho(a), desconsiderando que, segundo levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2005, esse arranjo familiar tradicional já era inferior a 50%, no Brasil. Além disso, utilizam do Estado para atacar e discriminar outras tantas formas de arranjos familiares hétero ou homoafetivos.

O ANDES-SN repudia a LGBTIfobia do ministro da educação, se solidariza com a população LGBTQIA+ e reafirma o seu papel no combate contra todas as formas de opressão e humilhação.

Brasília (DF), 25 de setembro de 2020

Diretoria Nacional do ANDES-SN

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