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Dez
23
2020

Resolução aprovada no CEPEx prevê a possibilidade de ensino híbrido na UFF

Em assembleia docente realizada às pressas para debater a minuta do GT-CEPEx, professores da UFF se posicionaram contrários ao documento que acabou sendo aprovado no dia 15 e ao retorno do ensino presencial e/ou híbrido antes da ampla imunização da população

Em última reunião do ano, realizada no dia 15 de dezembro, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEx) da UFF debateu e aprovou a minuta de resolução do ensino remoto na Universidade para o ano de 2021. O documento que se refere à realização do semestre de 2020.2 mantém o formato remoto, de forma excepcional, para disciplinas com carga horária teórica, mas autoriza o formato híbrido (presencial e remoto) na oferta de componentes curriculares que tenham carga horária prática e que exijam laboratórios especializados para o desenvolvimento de habilidades específicas.  

A decisão vai no sentindo oposto do que vêm afirmando epidemiologistas da própria Universidade Federal Fluminense. Diante de um novo pico na pandemia no Brasil e com cerca de 1.113 casos semanais e quase 80% dos leitos de UTI ocupados em Niterói, professores do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da UFF já estão defendendo medidas mais restritivas da quarentena e a restituição do “lockdown” no município.

Em assembleia geral convocada às pressas para debater a minuta do CEPEx divulgada no dia 8 de dezembro, as e os docentes da UFF se posicionaram contrários ao retorno do ensino presencial e/ou híbrido antes da ampla imunização da população, e criticaram muito o documento que seria aprovado um dia depois da reunião, realizada no dia 14. Veja aqui o posicionamento deliberado em assembleia docente.

De acordo com a minuta, “caberá aos Colegiados de Curso e Colegiados de Unidade a aprovação das condições acadêmicas e de infraestrutura, respectivamente, para a realização de atividades híbridas, considerando o cenário epidemiológico local em que se situa a Unidade Universitária da UFF e as orientações sanitárias para uso dos espaços coletivos”.

O documento também prevê a interrupção da utilização dos espaços físicos das Unidades Universitárias, para a realização das atividades híbridas, “diante de uma situação de agravamento do cenário epidemiológico nas regiões e municípios em que a UFF está inserida, por meio de deliberação do Colegiado de Unidade, ouvido o GT de Infraestrutura e Processos e o GT-COVID”. Leia aqui a minuta na íntegra.

Para o professor da Faculdade de Direito e conselheiro do CEPEX, Douglas Leite, a possibilidade de que a decisão sobre a adoção do ensino híbrido seja tomada no âmbito de cada unidade de ensino, e não centralizada na administração da universidade, é uma questão sensível, apesar dos fluxos existentes entre comissões locais e grupos de trabalho centrais.

“A gravidade do panorama epidemiológico atual não recomenda que se multipliquem e se dividam as competências institucionais para esse tipo particular de decisão, e entendo que esse ponto deveria ter sido objeto de maior discussão nos conselhos. É preciso que tenhamos atenção ao desenrolar dessa questão no cenário que se abre, de agravamento das condições de disseminação do vírus no país”, alerta.

Avaliação institucional do semestre remoto emergencial caberá à CPA-UFF

Também de acordo com o documento aprovado no dia 15, caberá à "Comissão Própria de Avaliação da Universidade Fluminense (CPA-UFF) a coordenação dos processos de avaliação institucional por meio da coleta dos dados de avaliação das disciplinas, autoavaliação (docente e discente) e de avaliação de infraestrutura na Universidade" do semestre remoto emergencial 2020.1.

A resolução vem no sentindo contrário do que alguns integrantes do Conselho defenderam na reunião, quando ressaltaram a necessidade de que o trabalho de avaliação do ensino emergencial fosse destacado como um trabalho próprio, formalizado numa agenda específica, e que pudesse dar conta não só da produção de instrumentos gerais de avaliação dos cursos, das condições dos docentes e dos discentes, suas demandas, seus problemas, mas que também fosse capaz de articular as avaliações que os próprios cursos fazem, devolvendo à comunidade elementos para a crítica do trabalho feito e das políticas implementadas.

“Nesse período de regulamentação do ano de 2021, todos nos ressentimos da falta desse diagnóstico sobretudo qualitativo do cenário do ensino emergencial, o que marcou inclusive a posição contrária dos estudantes à aprovação da minuta tal como apresentada no Conselho. Vale ressaltar que apenas dois dias antes da última reunião do ano foi finalmente divulgado o mapeamento das condições de acesso digital da comunidade universitária”, registra Leite.

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