A reitoria da UFRJ convocou uma reunião extraordinária do Conselho Universitário (Consuni) para apreciar a aprovação e adesão à gestão da Ebserh, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, nos hospitais e unidades de saúde da UFRJ. Com pauta única, a reunião acontece no dia 23, terça-feira, às 9h30, de maneira online.
Entidades, movimentos sociais e integrantes da comunidade universitária da UFRJ denunciam há mais de dois meses a retomada dos debates sobre a contratualização com a Ebserh, em um momento em que a universidade funciona de maneira não presencial e durante uma grande crise sanitária, política e social no país, em que o governo Bolsonaro aprofunda as políticas de retirada de direitos e de ataques ao serviço público.
A Ebserh, empresa pública de direito privado e com fins lucrativos, está na lista de privatização de Paulo Guedes e é presidida pelo general bolsonarista Oswaldo de Jesus Ferreira. Criada em 2011 para supostamente gerir e administrar os hospitais universitários, a Empresa não só não trouxe novos recursos orçamentários como agravou os problemas dos HU’s em que ela conseguiu entrar, consolidando a terceirização, a privatização, os ataques à autonomia universitária e o assédio moral aos trabalhadores dos hospitais.
Após intenso debate em 2013, uma grande mobilização no Conselho Universitário da UFRJ sepultou a contratualização da universidade com a empresa de direito privado. Entretanto agora, em 2021, a Reitoria da Universidade, em conjunto com setores da UFRJ, tenta retomar a discussão – o que é visto por muitos como um ataque à democracia interna - na medida que a pauta ressurge num período em que a universidade opera de forma virtual e esvaziada, sem a possibilidade de um debate amplo na universidade sobre o tema.
"Esse método é um atentado à democracia interna, dentro do espírito de 'passar a boiada', se aproveitando das dificuldades decorrentes da pandemia. A posição da Reitoria será entregar nossos hospitais ao General. Nós devemos lutar pela autonomia e democracia na UFRJ, principalmente, para a UFRJ continuar desempenhando seu papel social junto à sociedade." ressalta a professora Marinalva Oliveira, da Faculdade de Educação e do Movimento Barrar Ebserh na UFRJ.
Para a docente, que também é ex-presidente do Andes-SN, a entrega da gestão dos hospitais e unidades de saúde da UFRJ para uma empresa de direito privado, liderada por um militar alinhado ao governo Bolsonaro, não resolverá os problemas dos hospitais universitários e precisa ser barrada. Ela convoca todas e todos para pressionar pelo Fora Ebserh na UFRJ e participar do ato em frente à Reitoria, na manhã da próxima terça (23).
No dia 27 de setembro, audiência pública na Câmara de Niterói sobre a gestão da Ebserh no Hospital Universitário Antonio Pedro, da UFF, evidenciou a precarização do hospital escola e a perda de autonomia universitária com a entrada da Ebserh no HUAP.