Mar
24
2022

Sindicatos defendem saída de Ribeiro do MEC e apuração do caso que envolve Bolsonaro e seus aliados

Vazamento de áudio expõe as prioridades de um governo que corta verbas das universidades públicas e congela salários de servidores

 

Um dos temas mais comentados nas redes sociais dos últimos dias é o termo "Bolsolão do MEC", que faz referência ao áudio de uma conversa divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, na qual o ministro Milton Ribeiro (Educação) admite ter priorizado solicitações de prefeitos aliados ao governo de Bolsonaro, com a anuência do presidente da República, desviando recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). A verba estaria sendo destinada para outros fins, inclusive a construção de igrejas, conforme a indicação dos pastores Gilmar Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade, dentro do MEC.

"A minha prioridade é atender, primeiro, os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar (...) Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar", disse Milton Ribeiro.  

Entidades como o Andes-SN, a Fasubra e o Sinasefe repudiaram a declaração do Ministro. Juntas, as entidades da Educação divulgaram uma nota conjunta na qual exigem a demissão imediata de Milton Ribeiro da pasta, rigor na apuração dos fatos, inclusive sobre a participação do presidente Jair Bolsonaro no caso. Veja aqui. 

Ao participar de entrevista para o programa de rádio Faixa Livre na manhã do dia 24, a professora Gelta Xavier, da Faculdade de Educação da UFF e diretora da Aduff, condenou a ação do Ministro e do presidente Bolsonaro. Disse que o dinheiro desviado do FNDE poderia ter sido usado para atender às demandas da Educação por merenda, transporte para estudantes, reparos em instalações. Para ela, o Bolsolão do MEC explicitou a existência de uma quadrilha à frente do Poder Público Federal, personificadas, no caso, pelo presidente e o Minsitro da Educação.  

Durante a entrevista, houve referências às inúmeras interferência do governo de Bolsonaro à autonomia das Universidades, com a nomeação de interventores para a reitoria; lembrou os seguidos cortes de recursos públicos para as Universidades e o desenvolvimento de pesquisas públicas. Milton Ribeiro também é lembrado pela declaração de cunho homofóbica, ao associar a homossexualidade às “famílias desajustadas". É também o Ministro conhecido por ter elitizado ainda mais a seleção do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), sobretudo no contexto da pandemia da covid-19. Impossível ainda não mencionar o posicionamento de Milton Ribeiro contra a liberdade de cátedra dos docentes e a defesa dele pela implementação de uma política que retrocede em relação à inclusão e aos direitos das pessoas com defiência no âmbito escolar. 

Milton Ribeiro é o quarto ministro da Educação do governo Bolsonaro e segue a mesma linha ideológica do presidente. É militar da reserva do Exército e pastor da Igreja Presbiteriana de Santos. No currículo, declara possuir graduação em Teologia e em Direito, mestrado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Ribeiro é membro do Conselho Deliberativo do instituto Presbiteriano Mackenzie, entidade mantenedora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, da qual é ex vice-reitor. Também é Diretor Administrativo da Luz para o Caminho, instituição que cuida da área de mídias da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Da Redação da ADUFF | Aline Pereira

Com informações do ANDES-SN

Additional Info

  • compartilhar: