Na tarde desta quarta-feira, dia 29 de maio, ocorreu reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepex) em ambiente virtual. A Aduff-SSind retransmitiu a sessão na sede do sindicato, como uma atividade unificada dos comandos locais de greve na Universidade Federal Fluminense, reunindo estudantes, professores, professoras, técnicos e técnicas-administrativas.
Foram apreciadas duas propostas que versam sobre o calendário acadêmico da UFF neste contexto em que os três segmentos estão em greve. Uma delas, que propunha a suspensão do calendário acadêmico, havia sido encaminhada ao CEPEx pelo conselheiro suplente, Carlos Augusto Aguilar Jr. – docente do Colégio Universitário Geraldo Reis (Coluni), ex-dirigente da Aduff e atual integrante do Comando Local de Greve (CLG).
A outra proposta, que foi aprovada na reunião desta quarta-feira por 16 votos contra 8, havia sido apresentada pela Pró-Reitoria de Graduação, na figura do pró-reitor José Walkimar de Mesquita Carneiro. Ela permitirá alterações no calendário acadêmico ao final do período letivo, com direito ao trancamento e cancelamento de inscrições em disciplinas por parte dos estudantes.
Entretanto, apesar de reconhecer alguns benefícios aos estudantes, o professor Carlos Augusto critica a proposta vencedora por beneficiar aqueles e aquelas que não acataram a decisão da assembleia e estão "furando a greve". "Ela reforça o direito dos professores que não estão fazendo a greve a continuarem com as suas atividades, o que, no nosso entendimento, afronta a decisão coletiva tomada em assembleia", disse.
Durante a votação da proposta da Prograd, alguns conselheiros, a exemplo de Carlos Augusto, apresentaram destaques em relação ao artigo 1º e ao artigo 6º.
"O artigo 1º se referia à questão de não suspender o calendário e só pensar na modificação dele quando houvesse o término da greve. E o artigo 6º garantia o direito de trabalhar no contexto de greve – o que na UFF é bem particular porque os três segmentos (estudantes, docentes e técnicos) se encontram em greve", afirmou.
Carlos ainda defendeu a proposta apresentada por ele, compreendendo que a suspensão do calendário acadêmico garantiria que o direito de greve fosse efetivamente exercido. Lembrou que, no Rio de Janeiro, a Unirio aprovou a suspensão do calendário letivo da graduação no último dia 27; e que, na UFRRJ, o Conselho Superior suspendeu as aulas no dia seguinte à deflagração da greve docente, que teve início no dia 23 de maio, e marcou reunião extraordinária no dia 6 de junho para debater a suspensão do calendário.
"UFF passa por restrição orçamentária severa"
"Foi uma reunião importante. Novamente nos posicionamos para garantir o direito de greve pleno a todos os segmentos da Universidade, com o debate sendo feito nesses espaços institucionais. Em que pese a derrota, pautamos o debate no Cepex, discutindo a questão dos calendários, que tem muito a ver também com a questão orçamentária da Universidade", explicou Carlos.
O docente se refere à algumas intervenções feitas por outros conselheiros que argumentaram contrariamente à suspensão do calendário, sob a alegação de falta de segurança jurídica em relação à suspensão e à garantia do pagamento de bolsa.
"É importante destacar que a própria Universidade não tem segurança em garantir essas bolsas até o final deste ano. O orçamento da UFF disponível, nas palavras do reitor, não dá conta de manter a Universidade funcionando até setembro próximo. E isso num contexto de "normalidade", sem a greve", lembrou.
Para Carlos, a luta continua e a próxima semana será de ainda mais mobilização. "Teremos audiência pública na quarta-feira (5), para discutir a questão do orçamento e expor à comunidade acadêmica e à sociedade a real dimensão das dificuldades que a gente está enfrentando, de restrição orçamentária muito severa", antecipou.
Acompanhe na página da Aduff o calendário de atividades da semana de 3 a 7 de junho
Da Redação da Aduff
Foto: Luiz Fernando Nabuco