Mai
08
2024

CUV reitera preocupação com orçamento da universidade, mas rejeita indicação ao CEPEx de suspensão do calendário

Em 2012, instância máxima da universidade recomendou ao CEPEx que suspendesse o calendário. Na reunião desta quarta (08), proposta foi rejeitada em votação acirrada. Levadas à reunião do CUV, recomposição orçamentária e suspensão do calendário são pautas do ato unificado amanhã (09), em frente à Reitoria da UFF

Na manhã desta quarta-feira (08), atividade conjunta dos três segmentos se reuniu na sede da Aduff-SSind para acompanhar a transmissão da reunião do Conselho Universitário da UFF. Também houve mobilização para participação e acompanhamento conjunto nos campi fora de sede, como em Rio das Ostras.

Logo no início, os comandos de greve de docentes, técnicos-administrativos e de estudantes fizeram uma saudação ao Conselho Universitário, defendendo a importância da luta pela recomposição orçamentária e pela suspensão do calendário da Universidade.

“Neste momento, a greve da Educação federal está muito forte, com 50 instituições aderindo ao movimento, comprometidas em garantir a existência das universidades públicas no país. Isso quer dizer fortalecer, agora, a luta pela recomposição orçamentária e por condições de trabalho e de formação. Se não, a universidade vai parar não pela greve, mas pela completa falta de recursos e pelo aprofundamento das dívidas”, destacou, na reunião, a professora Kênia Miranda, que integra o comando local de docentes e a diretoria da Aduff.

Em audiência entre o Comando Local de Greve (CLG) da Aduff e a Reitoria, no dia 2 de maio, a administração da Universidade informou que não há verbas para a manutenção de todas as atividades até o final do ano, e que possivelmente o orçamento atual só garanta o funcionamento da UFF até agosto ou setembro de 2024.

A informação de orçamento zero voltou a ser confirmada pelo reitor, Antonio Claudio da Nóbrega, no Conselho Universitário desta quarta (08), gerando falas de preocupação com os rumos da Universidade e da importância da mobilização para reverter o cenário.

A recomposição orçamentária das instituições federais de ensino é uma das pautas centrais da greve unificada da Educação e está em consonância com o que reivindica a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), que estima ser necessário um aumento de R$ 2,5 bilhões no orçamento de 2024 para garantir o funcionamento das instituições federais.

Suspensão do Calendário Acadêmico

Na reunião do CUV, os Comandos de Greve dos três segmentos da UFF propuseram um projeto de resolução de urgência, indicando ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEX) a suspensão do calendário acadêmico, em virtude da greve de docentes, técnicos e estudantes.

A iniciativa não é inédita na universidade. Na greve docente de 2012, o então Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP) da UFF aprovou a suspensão do calendário letivo, seguindo o que fora indicado pelo Conselho Universitário em relação ao calendário e a greve.

Apresentada pelo conselheiro docente Gustavo Gomes, uma proposição similar foi rejeitada na reunião desta quarta (08), em resultado apertado, com 45 conselheiros contrários à aprovação e 37 favoráveis.

Docentes, técnicos-administrativos e estudantes já se organizam para estarem presentes na próxima reunião do CEPEx, no dia 15 de maio.

Os comandos defendem que o calendário acadêmico da UFF precisa ser suspenso para que o direito à greve, garantindo na Constituição Federal, possa ser plenamente exercido pelos três segmentos, especialmente no caso das e dos estudantes.

Durante a reunião, conselheiros favoráveis à suspensão do calendário pontuaram a problemática de haver dois calendários durante o ano, um de professores grevistas e um de não grevistas, com estudantes sendo pressionados a continuar tendo aulas durante a greve unificada dos três segmentos da UFF. A proposta reiterava a importância de garantir a reposição das aulas com qualidade e sem prejuízo aos estudantes, após o término da greve.  

Coordenador geral do DCE-Fernando Santa Cruz e conselheiro do CUV, o estudante Jeferson Lucas afirmou que independente da opinião pessoal de conselheiros em relação à greve, o movimento é legítimo e já está acontecendo.

“Não tem como achar que a UFF segue normalmente, é preciso garantir o direito à greve e à suspensão do calendário. A gente não faz greve porque acha legal, ou porque tem fetiche em greve. A gente faz greve porque é um instrumento de luta legítimo, num contexto em que o próprio reitor admite que a Universidade corre o risco de fechar as portas porque só tem verba para funcionar até setembro deste ano”, disse.

Integrante da diretoria do Sintuff e conselheira do CUV, a técnica-administrativa Alessandra Primo reiterou a importância da suspensão do calendário acadêmico, num momento em que toda a comunidade precisa unir forças contra os cortes e a situação orçamentária da universidade. "Ninguém aqui vai blindar o governo ou o Congresso, nem vamos aceitar assédio moral ou desculpas para cercear nosso direito legítimo de greve, inclusive no Hospital Universitário Antonio Pedro”, reiterou.

Ato Unificado nesta quinta (09), em frente à Reitoria da UFF

A recomposição orçamentária e suspensão do calendário são pautas do ato unificado que acontece na manhã desta quinta-feira (09), em frente à Reitoria da UFF. A manifestação acontece a partir das 10h, no gramado do prédio da Administração Central da Universidade (R. Miguel de Frias, 9 - Icaraí, Niterói).

À tarde, docentes, discentes e técnicos-administrativos da UFF seguem para o Ato Unificado da Educação, que se concentra às 16h, no Largo do Machado, e seguirá rumo ao Palácio da Guanabara. Haverá ônibus saindo de Niterói, às 14h, em frente ao campus do Valonguinho, voltado para o transporte de estudantes.

 

Da Redação da Aduff | por Lara Abib

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

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