Mar
09
2017

Mulheres ocupam as ruas do Centro do Rio e dizem não à violência e à retirada de direitos

Entre dez mil e doze mil pessoas participaram do protesto no Dia Internacional das Mulheres; ato teve defesa da legalização do aborto, repúdio à violência sexista e denúncia do que representam as ‘reformas’ da Previdência e Trabalhista

DA REDAÇÃO DA ADUFF

As mulheres foram protagonistas na luta contra a retirada de direitos, a violência sexista, a desigualdade e as discriminações nesta quarta-feira (8). Em pelo menos 65 países do mundo – segundo organizadores dos protestos no Brasil – houve atos neste 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres.

No Rio, a principal manifestação reuniu entre 10 e 12 mil pessoas, segundo avaliação da reportagem, que partiram da Candelária, no Centro da cidade, onde se concentraram desde as 16 horas, em passeata pela av. Rio Branco até a Assembleia Legislativa (Alerj). “A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”, cantaram as manifestantes ainda na Rio Branco. Professoras e professores da Universidade Federal Fluminense participaram, assim como técnicos-administrativos e estudantes. A Aduff-SSind esteve representada no ato. O dia de protestos – batizado de 8M – teve greve mundial de mulheres contra a discriminação e a retirada de direitos sociais e trabalhistas

No Rio, foram as mulheres que ditaram o tom do ato e levaram às ruas momentos emocionantes, como quando cantaram palavras de ordem em defesa da vida e da legalização do aborto ou afirmaram que o corpo de cada mulher pertence a ela. “Não é não”, disseram em coro por volta das 19h30, quando a passeata já se aproximava da rua da Assembleia – onde entrariam para chegar, cerca de 300 metros dali, à Assembleia Legislativa. O ato terminou na Praça XV.

Referências à violência contra as mulheres andaram lado a lado com a defesa de direitos trabalhistas, previdenciários e sociais. Também foram frequentes as críticas ao presidente Michel Temer. A palavra de ordem “Fora Temer” esteva presente em muitos cartazes e discursos. “Eu sou mulher na resistência contra a reforma da Previdência”, cantaram em certos momentos.

A servidora Tatianny Araújo, da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), destacou que as mulheres têm protagonizado diversas lutas nos últimos anos e que estão dispostas a unir trabalhadoras e trabalhadores e não em dividir. “Esse país que é o quinto em assassinato por feminicídio no mundo”, disse, ao ressaltar a pertinência e urgência da luta contra a violência. “Estamos perdendo direitos e só vamos conseguir manter os nossos direitos, só vamos conseguir barrar a reforma da Previdência, se fizermos grandes mobilizações”, disse, ao defender a unidade de toda a classe trabalhadora e assinalar a importância de participar dos protestos previstos para o dia 15 de março.

Representando o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Lívia Silvia disse que as mulheres do campo não vão aceitar a retirada de direitos – é justamente sobre as trabalhadoras rurais que recaem as medidas mais duras previstas na Proposta de Emenda Constitucional 287/2016. “Nessa luta por nenhum direito a menos, somos contra a reforma da Previdência”, afirmou, destacando que as grandes empresas do agronegócio estão entre as principais devedoras do INSS.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho e Lara Abib, com foto de Luiz Fernando Nabuco