Mar
09
2017

Violência não vai deter nossa luta, diz trabalhadora da UFF no 8 de Março

Professoras, técnicas-administrativas e estudantes da UFF participaram das manifestações do Dia Internacional das Mulheres, que combateu violência sexista e a retirada de direitos trabalhistas e sociais

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco

“O dia amanheceu lindo. Amanheceu mulher, negra, de torso roxo nos cabelos e batom vermelho”, assim Isabel Cristina Firmino, a técnica-administrativa da UFF, postou no seu perfil em rede social na quarta-feira 8 de março. “A nossa vida é dura e pautada dentro do sofrimento, mas quero estar feliz e alegre e muito consciente de tudo o que precisamos exigir do governo, de o quanto ainda precisamos lutar em defesa das mulheres e das nossas crianças”, disse a técnica de enfermagem no Hospital Universitário Antônio Pedro e militante do Sintuff (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF) à reportagem da Aduff-SSind, enquanto se preparava para, nas ruas, pedir igualdade de gênero. As homenagens ao ‘Dia Internacional das Mulheres’ transformaram-se em mobilização por direitos iguais no Brasil e em, pelo menos, outros 50 países.

Ao longo da quarta-feira, mulheres vestiram roxo ou lilás e marcharam pelo fim da violência sexista, contra o racismo, pelo direito ao aborto legal e seguro e, pelo direito à posse do próprio corpo. O movimento no Brasil também se posicionou contra a reforma trabalhista e a reforma da previdência, que, como dito por Isabel, afetará duramente o cotidiano feminino, especialmente o das mulheres negras – que ainda ocupam notadamente profissões que exigem menos qualificação ou estão no mercado informal.

Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que, no país, 503 mulheres foram vítimas de agressão física, a cada hora, no ano passado - o que representa 4,4 milhões de pessoas em um ano. A mesma pesquisa revela que 29% das mulheres brasileiras sofreram algum tipo de violência em 2016. Dessas, 32% eram negras, 31% pardas e 25% brancas. A discrepância aumenta quando questionadas sobre o assédio: 31% de mulheres brancas e 89% de mulheres negras disseram ter sido vítimas de comentários desrespeitosos ou ainda de toques indesejados.

#8M classista e contra perda de direitos

“Apesar de sermos assombradas pelas diferentes formas de violência, acordei com esperança para reivindicar junto com as minhas companheiras nossos direitos”, diz Isabel, lembrando que a pauta brasileira inclui o fim das reformas trabalhistas e previdenciária.

Ela participou do ato na Candelária, no Rio de Janeiro, atendendo à convocação do movimento internacional 8M. Inspirado em ações ocorridas na Polônia e na Argentina, o ‘8M’ foi gestado nas últimas semanas de 2016, convocando a ‘Greve Internacional de Mulheres” – paralisação das atividades laborais e domésticas por 24horas, com o mote “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”.

A partir da perspectiva classista e combativa, as manifestações do 8M se posicionaram contra as opressões econômicas, políticas, sociais e às violências física e simbólica. Ganharam ainda mais relevância em 2017, quando se comemora o centenário da Revolução Russa – momento expressivo do século 20, que pôs fim a opressão da monarquia czarista e se tornaria símbolo mundial da esperança de dias melhores e também data marcante para a luta feminista.

“Considero esse dia muito importante pelo contexto nacional e internacional, porque é lembrado como um momento de luta da mulher trabalhadora, apresentando uma perspectiva de união feminina, de protagonismo da própria classe”, disse Bianca Novaes, diretora da Aduff-SSind, uma das entidades sindicais que participou da construção do 8M no Rio. Para a docente, que atua no campus da UFF em Nova Friburgo, é imprescindível que as mulheres estejam mobilizadas contra a reforma trabalhista e a reforma da Previdência, denunciando a ‘sobrecarga de trabalho nessa sociedade machista’.