A Assembleia Geral Centralizada dos Docentes da UFF aconteceu na tarde da terça-feira (18), no campus do Gragoatá, em Niterói. Os trabalhos foram conduzidos pelos diretores Marina Tedesco, Isabella Pedroso e Waldyr Castro.
Os principais temas em pauta foram a avaliação das manifestações do dia 30 de maio e da Greve Geral de 14 de junho, assim como a eleição da delegação para o Conad – Conselho do Andes-SN, que ocorre em meados do próximo mês, em Brasília, para a atualização do plano de lutas do Sindicato Nacional.
Avaliações
Os docentes debateram o resultado da Greve Geral de 14 de Junho e reafirmaram a necessidade de intensificar a mobilização e o trabalho de conscientização da população sobre os impactos desta reforma, apontada como o fim do direito a Previdência Social no Brasil. Primeira realizada durante o governo de Jair Bolsonaro, a greve geral ocorreu após os atos muito expressivos realizados nos dias 15 e 30 de maio, que denunciaram os cortes de investimentos em Educação, Ciência e Tecnologia e também defenderam a rejeição da reforma da Previdência.
As avaliações apontaram, no entanto, que a pauta de luta pela Educação Pública sensibilizou mais as pessoas às ruas do que o debate sobre a reforma da previdência, pois há dificuldades em dialogar com a sociedade sobre os prejuízos sociais, caso ocorra a aprovação do projeto que altera as regras para a aposentadoria dos brasileiros.
“Dia 14J ficou aquém da tarefa histórica que nos compete, mas existem diversos elementos que devemos considerar para pensarmos que ela foi positiva, e que dificilmente repetiria o feito da greve geral de abril de 2017”, disse Marina Tedesco, presidente da Aduff.
Para ela, a movimentação em torno do 14J foi um elemento aglutinador do Fórum Sindical e Popular de Niterói, do qual a Seção Sindical dos Docentes da UFF participa. “A despeito da ação do turno da manhã, no Huap, não ter tido tanta gente como gostaríamos, o ato ao final da tarde, no Centro do Rio, foi bastante representativo”, complementou.
Segundo Sonia Lúcio Rodrigues, os fatos envolvendo os vazamentos de áudios da Lava Jato expuseram a crise institucional do poder. Ela mencionou ainda o golpe à democracia que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff. “A greve geral foi construída com muito esforço, mas foi muito desigual entre as categorias e as regiões – foi muito forte na educação federal, entre os petroleiros, mas no setor operário ela foi muito pequena ou quase nenhuma, comerciários e transportes idem. Neste sentido, precisamos compreender 14 de Junho como um dia importante, mas como um dia de paralisação e luta. Devemos pensar em continuidade deste movimento”, disse a docente.
Para o docente Victor Leonardo Araújo, da Economia, os sindicatos precisam sinalizar com pautas que sejam mais compreensíveis pela população. “Já passou da hora de pedirmos o ‘Fora Bolsonaro/ Fora Mourão’, pois as pessoas percebem que sua vida não melhorou objetivamente e não vislumbram melhorias em seu padrão de vida”, defendeu.
De acordo com Gustavo Gomes, é muito difícil fazer uma greve geral que paralise um país de dimensões continentais como o Brasil, sobretudo em um contexto de tanto acirramento político. “Bolsonaro foi eleito defendendo menos direitos e mais empregos. As pessoas estão acreditando que se passar a reforma da Previdência haverá mais dinheiro para educação e saúde e afins. Precisamos explicar que isso é uma falácia, que a reforma da Previdência não é a solução para todos os males do Brasil. Mas, dada a fragmentação da classe [trabalhadora], fazer isso é um grande desafio”, disse o professor do curso de Serviço Social.
O diretor Waldyr Castro lembrou que existem cerca de 13 milhões de desempregados, muitos que desistiram de procurar emprego e os que estão subempregados - o que, segundo ele, gira em torno de 24 milhões de pessoas. Destacou ainda que as pessoas que votaram neste governo dificilmente reconhecerão tão rapidamente o retrocesso que Bolsonaro e os seus representam para o país. “O governo erra muito todo dia, mas ainda há certa confiança nele, após seis meses de gestão. A conjuntura deverá mudar gradativamente, mas a luta contra a reforma da Previdência é difícil porque todos os meios de comunicação de massa têm vendido, há anos, a ideia de que as mudanças na seguridade social serão boas para o Brasil, para a geração de emprego, para a geração de renda. É preciso combater isso”, salientou.
Conad
Com o tema "Em defesa da educação pública, dos direitos sociais e das liberdades democráticas", o 64º Conselho do Andes acontecerá em Brasília, entre 11 e 14 de julho, reunindo representantes de seções sindicais do país para a atualização do plano de lutas do Sindicato Nacional.
A presidente da Aduff, Marina Tedesco, foi indicada pela diretoria como delegada da seção sindical no evento, com direito a voz e a voto. A assembleia definiu que serão enviados nove observadores.
Para garantir a participação, é obrigatória a presença no Seminário Interno da Aduff, que será realizado nos dias 5 e 6 de julho, na sede da seção sindical.
A assembleia também remeteu ao Conselho de Representantes da Aduff a discussão de processos e critérios para a eleição de delegados aos congressos do Andes-SN.
Os docentes presentes receberam cópia do texto “Andes- Centralidade da reforma da previdência e ação imediata: a tarefa que nos espera. Resgatar a política proletária no Andes-SN”, elaborado pelo grupo nacional ‘Graúna’. Eles autorizaram o envio do documento para o ‘Anexo ao Caderno de textos do CONAD’, com destaque de que o conteúdo não foi discutido e nem endossado pela assembleia.
A plenária propôs que seja indicada à Diretoria do Andes-SN a construção de um ato conjunto – com estudantes, docentes e demais servidores públicos – em Brasília, durante a realização do Conad.
Rápidos informes:
* A Medida Provisória 873 – “A MP 873 (a que impede o repasse de contribuição sindical por desconto em folha) vai caducar, mas já sabemos que o conteúdo dela será reapresentado em breve pelo governo, provavelmente como projeto de lei. Por isso, é muito importante que as pessoas realizem o recadastramento”, disse a professora Marina Tedesco, salientando que ainda há devedores da mensalidade referente ao mês de abril. “Precisamos nos recompor porque o segundo semestre será ainda de mais luta”, disse presidente da Aduff.
* Domingo com Ciência na Quinta – No dia 7 de julho comemora-se no Brasil o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador. Para marcar a data, ressaltar a importância da pesquisa nacional e denunciar os cortes no setor, evento “Domingo com Ciência na Quinta” reúne pesquisadores de todo o Rio de Janeiro na Quinta da Boa Vista. A grande feira de ciências está sendo organizada pela SPBC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e por outras entidades e instituições, entre elas a Aduff.
A diretoria da Aduff-SSind convida todos os docentes e estudantes da UFF a participarem do evento, que acontece das 10h às 15h, no dia 7. Para se inscrever, basta preencher o formulário abaixo até o dia 21 de junho. Além da feira, a atividade também contará com apresentações musicais e pronunciamentos curtos de representantes da comunidade científica. Em 2018, o evento contou com mais de 130 stands de diversas instituições de Ciência, Tecnologia, Educação e Saúde, com público estimado de mais de 2mil pessoas. Formulário para inscrição: https://docs.google.com/forms/d/1Gq1KakfbXESMPyt0BAhX37TNU_3iGaL7jFyShgXocm8/edit
* Debate sobre a reforma da Previdência - Na quarta-feira, dia 3 de julho, às 18h, no Auditório da Faculdade de Economia (Bloco F, campus do Gragoatá), haverá um debate sobre o tema, seguido do lançamento do livro da professora Denise Gentil (UFRJ) – “Política fiscal e a falsa crise da seguridade social brasileira”.
Da Redação da ADUFF | Por Aline Pereira
Foto: Zulmair Rocha, especial para a Aduff