DA REDAÇÃO DA ADUFF
A direção da Aduff-SSind levou ao reitor da Universidade Federal Federal Fluminense, Antonio Claudio da Nóbrega, a preocupação da entidade sindical com o projeto do governo Jair Bolsonaro para o ensino superior, denominado “Future-se” e recém-apresentado à população e às comunidades acadêmicas.
A Aduff também defendeu a construção conjunta de um movimento de resistência na UFF, cujo primeiro passo seria a realização de uma assembleia comunitária, aberta inclusive à participação da sociedade civil externa à universidade.
“Queremos começar o semestre, já na primeira semana, com uma assembleia comunitária, para pensarmos juntos o que fazer, com os três segmentos mas para além dos três segmentos”, disse Marina Tedesco, presidente da Associação dos Docentes da UFF - Seção Sindical do Andes-Sindicato Nacional na UFF.
A professora ressaltou ainda que essa atividade deveria envolver todos os segmentos da universidade - estudantes, professores, técnicos e trabalhadores terceirizados - e setores da sociedade civil de Niterói e das demais cidades nas quais a UFF está instalada. “Precisamos [verificar] o impacto dessas medidas [previstas no Future-se] na universidade e nos municípios em que a UFF está”, disse. Também ressaltou a importância de buscar pressionar os parlamentares no Congresso Nacional. O Legislativo terá que apreciar o projeto de lei a ser enviado pelo governo ao legislativo e que, pela proposta divulgada, altera 17 leis federais.
O reitor informou que está em que está sendo realizado um estudo econômico da presença da UFF nas cidades em que está instalada. Sobre a questão orçamentária, disse que as projeções são de que só há recursos para o funcionamento da universidade até setembro, devido à redução de recursos em decorrência do contingenciamento feito pelo governo Bolsonaro.
Sobre o Future-se e a situação das universidades, disse que o ideal é um trabalho conjunto em defesa do ensino público superior federal, reafirmou que os reitores não foram consultados sobre a elaboração da proposta e se mostrou favorável à iniciativa da Aduff. Não se chegou, porém, a fechar uma atividade conjunta a ser convocada. A direção da Seção Sindical comunicou que irá convocar uma assembleia comunitária e buscará as demais entidades representativas dos outros segmentos para isso. Nova reunião na Reitoria foi marcada para o dia 29 de julho, às 16h.
EC 95
O professor Antonio Claudio criticou a Emenda Constitucional 95, o teto de gastos aprovado no governo de Michel Temer que asfixia os orçamentos dos serviços públicos, enquanto assegura folga para a reserva de recursos para pagar juros e amortizações das dívidas públicas. “Não é um projeto adere ou não adere. Tem um pano de fundo que é a Emenda Constitucional 95. Tem um teto de gastos: não posso gastar mais, mas estou te dando uma saída”, disse.
O reitor expôs preocupação com o futuro da universidade pública diante dessa restrição orçamentária. Também afirmou que não há como aderir ao programa Future-se.”A gente não adere, não tem como aderir a um negócio desses... faz o que? O custeio vai diminuir…”, indagou.
O vice-reitor, professor Fábio Passos, que participou da reunião realizada no gabinete da Reitoria, em Icaraí, no dia 19 de julho, também expressou preocupação e críticas ao projeto apresentado pelo Ministério da Educação. Ele ressaltou que o fundo qu está sendo proposto será montado, na verdade, a partir do patrimônio público constituído pelas universidades.
A professora Elizabeth Barbosa, da direção da Aduff e da Regional do andes-SN, que também participou da reunião, ressaltou a necessidade de envolver a população na defesa da universidade pública, por mais que os tempos sejam difíceis e de tantos ataques ao setor público. Ressaltou que o Rio de Janeiro, em especial, por concentrar várias universidades federais, tem potencial para ter um papel importante nesta luta. “Se a gente conseguir um diálogo com a população, para a comunidade compreender o que significam os cortes, já seria um começo”, afirmou.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho