A Diretoria da Aduff – representada pelas professoras Marina Tedesco (presidente) e Adriana Penna (1ª secretária) – reuniu-se com o reitor da UFF, professor Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega, na tarde desta segunda-feira (2). O docente Antonio di Sabatto, diretor-presidente da Fundação Euclides da Cunha de Apoio Institucional à UFF (FEC), também esteve presente na conversa que abordou a situação financeira da instituição, agravada pela política de contingenciamento de verbas do governo federal, que, desde o início deste ano, já bloqueou mais de R$ 52 milhões em recursos da universidade. Os recursos atuais mal cobrem as despesas básicas mensais e têm sido liberados a conta gotas.
"O que vai acontecer? Não sei; vivemos um dia após o outro", afirmou o reitor da UFF, revelando que com esforço será possível garantir o funcionamento da instituição neste mês de setembro. Ele irá a Brasília, nesta terça-feira (3), para tentar obter verbas e arcar com os compromissos firmados pela universidade, visando principalmente a continuidade do fornecimento de luz. “Temos R$ 9 milhões, mas este dinheiro é para uso do PNAES [Plano Nacional de Assistência Estudantil]”, explicou.
'Future-se'
As diretoras da ADUFF interpelaram o reitor acerca do posicionamento da administração central da UFF quanto ao projeto do governo para a reestruturação orçamentária das instituições públicas federais, o “Future-se”. Disseram que seria importante ter um documento da instituição expressasse a opinião sobre o que pode ser, como apontam os especialistas, a privatização da universidade pública e gratuita.
Para o reitor Antonio Claudio, no entanto, o 'Future-se' não parece ter viabilidade ou condições de ser operacionalizado. “Da forma como está ali, no documento, o que se conhece até agora é incompatível neste momento, por não dialogar com os princípios que nos norteiam – autonomia, gratuidade e financiamento estatal”, afirmou.
Falou ainda que não tomará nenhuma atitude que esteja em desacordo com o que for deliberado pelo Conselho Universitário da UFF. “O que o CUV fizer dentro do regimento, das regras e da lei, é o que eu vou cumprir”, salientou.
Antonio Claudio também criticou o Decreto nº 9.991, de 28 de agosto, que dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas da administração pública federal e incide no processo para licença e afastamentos para capacitação dos servidores públicos. “Também estou tentando entender isso; a redação é dúbia. Parece uma iniciativa de estrangulamento”, avaliou.
Unidade
A Diretoria da Aduff expressou o desejo de manter unidade entre todos os segmentos da instituição – a despeito de diferentes entendimentos sobre o cotidiano e o funcionamento da universidade, que devem ser discutidos e negociados – por entender que na atual conjuntura, o objetivo maior é manter a UFF, tal como instituição publica referenciada, com o financiamento público.
Em resposta, o reitor disse ter o mesmo entendimento que a direção da Aduff no que diz respeito ao contexto político e econômico recente. “Temos que tensionar nas questões prioritárias. Buscar unidade no que é possível para evitar luta fratricida”, apontou Antonio Claudio.
A Aduff reiterou esta posição e apresentou propostas que intensifiquem o diálogo com a comunidade e que a traga para dentro da universidade, combatendo a campanha de difamação contra as instituições públicas que reverberam com o objetivo de privatizá-la. Importante lembrar que a UFF é uma das três universidades federais criticadas deliberadamente pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, sob a acusação de promover ‘balburdia’.
Avaliação
Segundo Marina Tedesco, presidente da ADUFF, a reunião foi um importante canal de diálogo. Ela avaliou o encontro positivamente, sobretudo porque o reitor da UFF reafirmou os princípios expressos na "Nota das Instituições Federais de Ensino Superior do Estado do Rio de Janeiro sobre a consulta pública ao programa 'Future-se'". Datada de 26 de julho, o documento foi assinado por Antonio Claudio e os respectivos reitores do CEFET/RJ, IFF, IFRJ, UFRJ, UFRRJ e UNIRIO. Leia a íntegra aqui
“Entendo que esses princípios reafirmados pelo reitor já expressam uma posição contra o 'Future-se' e contra qualquer projeto baseado nos mesmos pilares em que o 'Future-se' está. Importante ainda o compromisso de que nada vai ser feito sem que tenha sido aprovado pelo CUV, bem como termos delineado ações unitárias para defendermos a universidade e resistirmos a esse ataque”, considerou a dirigente da Aduff.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff