Na aula pública realizada na tarde da quinta-feira (3), segundo dia da Greve de 48h da Educação, o professor Rogério Dultra falou sobre como as instituições políticas têm reagido às ameaças à autonomia universitária. “Podemos dizer ainda que a Constituição nos protege e que pode ser um catalisador para a resistência”, disse, ao mencionar o recente caso ocorrido na Faculdade de Direito, da qual faz parte do quadro docente. Ele afirmou que é necessário resistir às ações violentas contra as liberdades democráticas e a autonomia universitária.
A aula pública ocorreu na Praça da Cantareira, em frente ao campus Gragoatá da Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Também participou da mesa a professora Andrea Vale, da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense. A docente abordou o Future-se, o projeto do governo do presidente Jair Bolsonaro para o ensino público federal no país. A paralisação nacional de 48 horas defendeu o fim dos cortes com a recomposição orçamentária e a rejeição do Future-se. A atividade foi organizada em conjunto pela Aduff-SSind, o Sintuff e o DCE-Fernando Santa Cruz.
O professor Rogério Dutra pertence à Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, à frente da campanha #MoroMente, que já realizou atos na UNB, na USP e na UFF. Ele relatou a tentativa de cerceamento ao debate na atividade na Faculdade de Direito da UFF, que teve a participação de personalidades políticas e jurídicas na instituição e foi realizada com apoio da Aduff-SSind.
"A Reitoria estava preocupada em sofrer intervenção do Ministério da Educação, o que, a meu ver, já está acontecendo", considerou Rogério.De acordo com ele, é evidente que existe um movimento para eliminar as instâncias democráticas, afetando as instituições, entre elas as Universidades. “É um momento muito preocupante, por maior que sejam nossas críticas às instituições. Não podemos negar que suas dinâmicas não permitem que ninguém reine sozinho no país e isso é essencial”, disse. "Se não tomarmos pé, estaremos sob a iminência de sofrer uma intervenção formal do governo federal", apontou.
Da Redação da UFF | Por Aline Pereira e Hélcio Lourenço Filho
Foto: Luiz Fernando Nabuco