Os integrantes da diretoria da Aduff, "Autonomia, Unidade e Luta", se despediram da gestão em cerimônia realizada na sede da entidade no dia 20 de dezembro. No mesmo dia, foram empossados os membros da nova diretoria, que vão assumir a seção sindical no próximo biênio, e o Conselho de Representantes das nove unidades que apresentaram chapa para o pleito ocorrido no início deste mês. Houve transmissão ao vivo pela TV Aduff, a partir das páginas do sindicato no Facebook e no You Tube.
A cerimônia teve início com a projeção de imagens de algumas das ações encaminhadas pela direção que se despediu do cargo. Após, a professora Kate Lane Paiva, presidente da seção sindical entre os anos de 2020-2022, pontuou os principais desafios da gestão "Autonomia, Unidade e Luta". Mencionou o fato de o grupo ter tomado posse de forma remota, em meio a pandemia da covid-19 que ceifou mais de 600 mil vidas brasileiras, precisando se reinventar diante das novas formas de luta - carreatas por vacinas e pelo Fora Bolsonaro; lives e inúmeras reuniões em ambientes virtuais foram algumas das estratégias para manter o sindicato ativo, ainda que com distanciamento social.
De acordo com Kate, a seção sindical dos e das docentes da UFF se empenhou em campanhas de solidariedade para ajudar a aplacar a fome que afeta parcelas vulneráveis da sociedade brasileira, entre elas a população negra e LGBTQIA+, diante da crise econômica e sanitária que o país atravessou. Retomou às ruas em 2021, pelo direito à vida, ao pão e a educação, porque, como lembrou a docente, "foi nas ruas que a Aduff foi forjada".
A gestão 2020-2022 também enfrentou as dificuldades e contradições do trabalho remoto, que foi ainda penoso para as docentes mães que se desdobraram entre as tarefas domésticas e a jornada profissional. Quando ocorreu a gradual retomada das atividades presenciais, a direção da Aduff se deparou com problemas ainda mais latentes diante de uma Universidade que vem sendo sucateada ao longo de sucessivos governos, mas que, no contexto de Jair Bolsonaro na presidência, foi ainda mais difamada e desfinanciada, como os novos cortes em Educação, recentemente anunciados pelo governo, evidenciam.
A presidente ainda citou a recente obra na sede da Aduff, que precisou de reparos em relação à infraestrutura. Lembrou a ausência da professora aposentada da Faculdade de Educação, Elza Dely Veloso, que foi ex-dirigente e muito atuante no sindicato dos e das docentes, para homenagear todos aqueles e aquelas que faleceram durante os últimos dois anos.
No entanto, como disse em discurso, o maior desafio foi derrotar o fascismo nas urnas, com militância organizada para defender as candidaturas que necessárias para tirar Bolsonaro do poder e garantir a defesa da democracia e do direito à vida.
"Terminamos a gestão entendendo a dificuldade que foi tocar o sindicato diante de uma conjuntura tão adversa. Sabendo que poderíamos ter feito mais, mas também saudando a valentia de boa parte dessa gestão em chegar até aqui, em ir aos campi do interior e, também de, mesmo diante de tudo ainda fazer festa, ainda sorrir", disse Kate Lane.
Ela agradeceu os colegas que tocaram o sindicato no último biênio e os funcionários da Aduff. Apontou que o desafio para próxima gestão é retomar o trabalho de base, resgatando o papel do sindicato diante de uma classe trabalhadora cada vez mais precarizada, construir unidade diante de um sindicalismo ameaçado e de um movimento docente fragmentado, seguir combatendo o fascismo que ainda permanece na política brasileira. "Mas, nós sabemos lutar. Nossa história não começa agora porque nós não terminamos em nós mesmos e quem tem sindicato não está sozinho", afirmou Kate.
Da Redação da Aduff| Por Aline Pereira
Fotos: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff