Mar
14
2024

'Vem pra Câmara dizer não aos espigões', convocam manifestantes que pressionam vereadores em Niterói

Professores e professoras da UFF participam do protesto e denunciam os problemas da proposta; o futuro do Morro do Gragoatá é uma das preocupações com a proposta, que poderá ter impactos generalizados na cidade.

Manifestante exibe cédulas simbólicas de dinheiro para vereadores em Niterói Manifestante exibe cédulas simbólicas de dinheiro para vereadores em Niterói / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

 

Manifestantes contrários ao projeto de Lei Urbanística e de Uso do Solo da Prefeitura de Niterói acompanham, na tarde desta quinta-feira, 14 de março de 2024, a sessão da Câmara de Vereadores que pode votar a proposta. 

Os movimentos contrários ao projeto, que apontam como um 'desastre anunciado' para as condições e a qualidade de vida em Niterói', seguem convocando a população que não concorda com a liberação de amplas áreas para novos espigões para comparecer à casa legislativa de Niterói, na Av.. Amaral Peixoto, no Centro da cidade. Também há apoiadores do projeto, convocados por setores alinhados à Prefeitura, nas galerias. 

O objetivo do movimento contra o PL 221/2023 é pressionar os vereadores a recuar. A maioria é favorável à proposta, que só não foi aprovada ainda por conta de uma batalha política e judicial que já dura quase dois anos, movida pela minoria na Câmara e pelos movimentos ambientalistas e sociais.

Fotos da manifestação durante a sessão na Câmara dos Vereadores de Niterói: contra os espigões - acessar aqui

Professores da Universidade Federal Fluminense estão entre os manifestantes que se encontram na Câmara de Vereadores. "UFF diz não ao PL 221/2023", diz um dos cartazes expostos por uma professora. Um dos aspectos ressaltados por docentes da UFF é a ameaça que, alertam, o projeto trará para a área de preservação ambiental do Morro do Gragoatá, local de projetos de pesquisa da comunidade acadêmica.

Pouco antes das 17 horas, a sessão foi interrompida para um intervalo e retorno em 20 minutos, o que acabou se estendendo para além disso. Até aquele momento, não houve votações referentes ao projeto em si. A sessão começou pouco depois das 16 horas.

Primeira votação já ocorreu

O texto-base foi aprovado sob protestos na primeira votação na semana passada. E agora a Nova Lei Urbanística de Niterói está pautada para segunda apreciação, já com as emendas.

Foram 12 votos a cinco, com uma abstenção, a favor do projeto de Lei 221/2023, de autoria da Prefeitura. O ponto mais polêmico do projeto é o aumento do gabarito (número de andares) dos prédios.

Apoiado pela maioria dos vereadores, a proposta tem forte rejeição entre ambientalistas e movimentos comunitários. E uma das críticas ao que está sendo encaminhado é que os argumentos rejeitando o projeto expressados por esses setores durante as audiências públicas sobre o tema foram em grande parte desconsiderados pelo prefeito Axel Grael (PDT).

A sessão que votou o texto-base transcorreu sob a pressão de um auditório lotado, de um lado por opositores, de outro por apoiadores do projeto.

Prefeitura

No site oficial, a Prefeitura alega que o projeto foi desenvolvido com participação popular, tendo sido aprovado pelo Conselho Municipal de Política Urbana (Compur). Também destaca que uma consulta pública on-line contabilizou, ao longo de um mês, 2.730 respostas de moradores da cidade. 

O número, porém, talvez expresse outra das críticas ao modo como o governo municipal trata o assunto: uma consulta de tamanha gravidade, que lado a lado, opositores e apoiadores, afirmam que terá impactos relevantes para a vida da cidade, teve uma participação na consulta muito baixa face os quase 515.315 habitantes do município, segundo o último Censo realizado pelo IBGE.

Problemas

O projeto, afirmam os movimentos contrários a ele, não foi amplamente divulgado e surpreendeu a população e os movimentos em defesa do meio ambiente e do patrimônio cultural. Para eles, se aprovada, a lei favorecerá o aumento da população de Niterói, que pode, afirmam, crescer em quase 50%, agravando problemas de trânsito, de água e luz, inundações e vazamento de esgoto nas calçadas e lagoas, entre outros.

Afirmam, ainda, que Niterói não possui plano de mobilidade e nem previsão de aumento da infraestrutura de saneamento básico e da rede pública de saúde e educação. Impactos negativos no patrimônio ambiental e cultural da cidade também estão previstos. 

Como votaram os vereadores na primeira votação:

A favor:

Andrigo de Carvalho (PDT); 

Adriano Boinha (PDT); 

Anderson Pipico (PT); 

Dado Folly (Cidadania); 

Rodrigo Farah (Cidadania); 

Emanuel Rocha (UNIÃO BRASIL); 

Beto da Pipa (MDB); 

Renato Cariello (PDT); 

Fabiano Gonçalves (Republicanos); 

Leonardo Giordano (PC do B); 

Binho Guimarães (PDT);

Leandro Portugal (MDB).

 

Contra:

Benny Briolly (PSOL); 

Daniel Marques (sem partido); 

Douglas Gomes (PL); 

Paulo Eduardo Gomes (PSOL);

Professor Túlio (PSOL).

Abstenção:

Paulo Velasco (Cidadania)

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho

 

Manifestante exibe cédulas simbólicas de dinheiro para vereadores em Niterói Manifestante exibe cédulas simbólicas de dinheiro para vereadores em Niterói / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

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