Mar
18
2024

Diretoria da Aduff convida para debate sobre racismo, que acontece no Coluni/UFF, na quarta-feira, dia 20

Flávia Rios, professora e pesquisadora da UFF, vai participar da atividade construída pelo Grupo de Trabalho de Política de Classe para as Questões Etnicorraciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da Aduff-SSind, como uma ação da campanha de "21 Dias de Ativismo contra o Racismo"

 

O Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial ocorre em 21 de março e envolve a campanha "21 Dias de Ativismo contra o Racismo", quando acontecem diversas atividades que refletem o assunto. É neste contexto que se insere a roda de conversa "Universidade e o Combate ao Racismo", organizada pelo Grupo de Trabalho de Política de Classe para as Questões Etnicorraciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da Aduff-SSind, que será realizada no dia 20 de março (quarta-feira), às 16h, no Colégio Universitário Geraldo Reis - Coluni/UFF. 

A discussão será oportunizada pela socióloga Flávia Rios, professora e pesquisadora da Universidade Federal Fluminense. Atualmente, ela é diretora do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF. É coautora do livro "Lélia Gonzalez" (Summus, 2010) e coorganizadora dos livros "Negros nas Cidades Brasileiras" (Intermeios/FAPESP, 2018) e "Por um feminismo afro-latino-americano" (Zahar,2020) e "Raça e Estado" (Eduerj, 2022) e "Dicionário das Relações étnico-raciais contemporâneas" (Perspectiva, 2023). 

Para Jacqueline Botelho, docente da Escola de Serviço Social da UFF e diretora da Aduff, a roda de conversa pretende ser uma boa oportunidade de discutir a forma como a Universidade pode contribuir para a superação do racismo. "A Universidade, por estar em relação com a sociedade, sempre estará atravessada pelo racismo enquanto a sociedade for racista. E o racismo é uma dimensão importante para o modo de produção capitalista. Então, enquanto existir o capitalismo, também teremos racismo e, consequentemente, o racismo atravessando as instituições, entre elas a Universidade, que pode e deve reagir contra isso", considera. 

De acordo com Jacqueline, uma das formas da UFF reagir ao racismo é a partir da adoção de políticas para o ingresso e permanência de estudantes e para a admissão de professores negros. "Tais políticas devem ser pensadas com a comunidade acadêmica, elaboradas de forma conjunta, para, de fato, romper com as hierarquias que o racismo constrói e que visam subordinar pessoas negras, classificá-las como inferiores em relação às pessoas brancas", afirma.

Segundo a diretora da Aduff, é preciso ainda que se permita que pessoas negras ocupem estruturas decisórias dentro da Universidade, espaços de planejamento e execução. "Essas pessoas não podem ser alvo da ação elaborada por outros que, na verdade, desconhecem a realidade do povo negro. Então é essa a ideia, que a gente possa de fato democratizar ainda mais o espaço de participação na universidade. Isso implica dialogar sobre acesso e permanência dos estudantes, o que envolve as questões de moradia, acesso à bolsa, alimentação".

Aduff deve promover o debate

Para Jacqueline Botelho, a Aduff pode contribuir muito ao fomentar o debate sobre racismo, preconceito, processo de discriminação racial e sobre como se configuram. "São conceitos importantes para que a comunidade acadêmica identificar o racismo e combatê-lo de forma eficaz. A Aduff pode contribuir elaborando atividades, construindo atividades como essa, onde a professora Flávia Rios estará presente, onde toda a comunidade acadêmica está convidada para justamente fomentar discussão sobre o tema. O objetivo é sair da roda de conversa também com sugestões de enfrentamento ao racismo e algumas proposições possíveis a partir do debate", avalia a diretora da Aduff-SSind. 

Jacqueline lembra ainda que o Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Étnicorracias, Gênero e Diversidade Sexual (GTPECGDS) do Andes-Sindicato Nacional elaborou, há alguns anos, cartilha que elucida o que é o racismo e como que ele se manifesta na universidade. O material pode ser acessado em https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/aNDES-sN-lanca-cartilha-de-combate-ao-racismo1

"21 Dias de Ativismo contra o Racismo"

Os "21 Dias de Ativismo contra o Racismo" ocorrem neste mês pois, em 21 de março de 1960, durante o Apartheid (regime racista que promoveu a segregação entre negros e brancos entre 1948 a 1994) na África do Sul, houve violenta repressão a um protesto pacífico liderado por milhares de jovens. Eles queriam o fim da Lei do Passe, que determinava que negros e negras utilizassem um cartão que permitia a circulação em determinados locais, e o fim do aprendizado do Africâner, a língua do opressor.

O ato foi duramente reprimido pela polícia sul-africana, que atirou em direção aos manifestantes desarmados. O episódio ficou conhecido como “Massacre de Shaperville”, assassinando quase 70 pessoas e deixando mais de 150 participantes feridos. 

Desde então, a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou a data de 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco