Mai
09
2024

UFF não pode ficar ‘entregue às baratas’, diz ato de greve unificada na Universidade

Por recomposição orçamentária, pela suspensão do calendário da Universidade, em greve, e pelo retorno das reuniões presenciais nos conselhos superiores, três segmentos foram à Reitoria da UFF na manhã desta quinta (09), mas encontraram o prédio fechado e com atividades interrompidas, por conta de uma “desinsetização” realizada sem aviso prévio, bem no dia do ato da comunidade universitária

UFF não pode ficar ‘entregue às baratas’, diz ato de greve unificada na Universidade / Luiz Fernando Nabuco

Nesta quinta-feira, 9 de maio, Dia Nacional de luta da Educação Federal, os três segmentos da UFF realizaram seu primeiro ato público em frente à Reitoria da universidade, desde que técnicos-administrativos, docentes e estudantes deflagraram greve, unificando o movimento paredista na instituição.

A manifestação faz parte das atividades de greve da Educação Federal, em dia de luta realizado em unidade pelos Comandos de Greve do Andes-SN, Sinasefe e Fasubra, com participação da Fenet e da UNE, em todo o país.

Mas se o ato tinha como objetivo evidenciar as pautas unificadas do movimento - como a recomposição orçamentária, a suspensão do calendário da Universidade, em greve, e o retorno das reuniões presenciais dos conselhos superiores - docentes, técnicos-administrativos e estudantes foram surpreendidos com a informação de que as atividades no prédio da Administração Central da UFF foram interrompidas nesta quinta – exatamente no dia do ato público dos três setores -  devido a uma ‘desinsetização’ da reitoria e de prédios anexos.

Contudo, é justamente para não deixar a Educação federal “entregue às baratas” que os setores constroem a greve unificada no país.

Em panfleto distribuído no ato, trabalhadores e estudantes da UFF afirmam que o orçamento das Instituições Federais de Ensino Superior foi reduzido em mais de 50% de 2015 até 2022, com os governos Temer e Bolsonaro. Enquanto estudantes sofrem para permanecer na universidade, os servidores, sejam docentes ou técnico-administrativos, enfrentam condições de trabalho inadequadas, sobrecarga e perdas salariais.

Em audiência entre o Comando Local de Greve (CLG) da Aduff e a Reitoria, no dia 2 de maio, a administração da Universidade informou que não há verbas para a manutenção de todas as atividades até o final do ano, e que possivelmente o orçamento atual só garanta o funcionamento da UFF até agosto ou setembro de 2024. A informação de orçamento zero voltou a ser confirmada pelo reitor, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, no Conselho Universitário de quarta-feira (08).

“É muito importante estar hoje em frente à reitoria, coletivamente, com os três setores e em diálogo com a população, dizendo que a gente defende essa universidade. Que nós, técnicos, estudantes e docentes estamos aqui na luta pela recomposição do orçamento dessa universidade, para que essa universidade cumpra sua função social de garantir educação de qualidade, ensino, pesquisa e extensão. Mas é muito triste a gente vir fazer um ato público e não ter a reitoria para nos ouvir, nem fazer coro ao que nós, comunidade da UFF, temos enquanto pauta reivindicatória”, destacou, na manifestação, a presidenta da Aduff-SSind Maria Cecília de Castro.

Para a coordenadora geral do Sintuff, Alessandra Primo, a dedetização de última hora “não foi só uma manobra para não receber o comando de greve unificado da UFF, foi colocar a saúde das trabalhadoras e trabalhadores terceirizados em risco”, já que a Reitoria “liberou todos os servidores, mas obrigou as e os terceirizados a estarem no prédio durante a dedetização”.

Presentes no ato, as e os estudantes de Niterói e dos campi fora da sede, como Rio das Ostras e Volta Redonda, mostraram indignação com a realidade de sucateamento e precarização da Universidade. Afirmaram que se a UFF é a universidade mais interiorizada do país, também é verdade que a situação nos campi fora de sede é muito difícil e que a pauta pela recomposição orçamentária unifica todos os segmentos, na luta por melhores condições de ensino e trabalho, e por permanência estudantil.

Estudante do curso de Serviço Social e integrante do comando de greve de Rio das Ostras, Mariana Souza destacou que a greve não está acontecendo só em Niterói e que os estudantes estão em ocupação estudantil desde o dia 29 de abril, no campus, quando entraram em greve junto com as e os docentes. No ato, ela relatou a luta pela implementação do bandejão em Rio das Ostras, que vem desde 2018.

“Depois de muitas promessas, o reitor diz agora que construirá em Rio das Ostras um refeitório sem alimentação. O estudante que não tem alimentação não precisa de refeitório, precisa de alimentação. Vai sentar para comer o quê, pedra?”, questionou. Ela também denunciou a falta de estrutura no campus, com aulas que acontecem em contêineres e em um espaço comercial alugado pela universidade.

Rodrigo Hebert, do Centro Acadêmico do curso de Psicologia da UFF em Volta Redonda também reforçou que não dá para aceitar “tantos dos nossos evadindo da universidade”. “Nossos ‘busuffs’ quebraram e não tem dinheiro pra consertar, temos salas lá caindo de mofo. Não sei se vocês sabem que dos polos do interior, Volta Redonda seria o campus modelo. Um campus modelo que não tem moradia, nem bandejão deixa muito claro quais estudantes eles querem na universidade”, finalizou.

Em greve, docentes, técnicos-administrativos e estudantes da UFF agora se organizam para estar presentes na próxima reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEx), no dia 15 de maio. Os comandos defendem que o calendário acadêmico da UFF precisa ser suspenso para que o direito à greve, garantindo na Constituição Federal, possa ser plenamente exercido pelos três segmentos, especialmente no caso das e dos estudantes, que estão sendo pressionados a continuar tendo aulas, por docentes que não aderiram à greve. 

Da Redação da Aduff | por Lara Abib

Foto Luiz Fernando Nabuco

 

 

UFF não pode ficar ‘entregue às baratas’, diz ato de greve unificada na Universidade / Luiz Fernando Nabuco

Additional Info

  • compartilhar: