Ao longo de quase duas horas de reunião, representantes dos Comandos de Greve da Aduff, do Sintuff e do DCE cobraram reiteradamente do reitor da Universidade Federal Fluminense, Antonio Claudio da Nóbrega, uma atuação que exponha publicamente a grave crise financeira que a instituição vive, por conta dos cortes orçamentários, e que rompa com a aparente normalidade na instituição.
Estudantes, técnicos e docentes disseram ao reitor e pró-reitores que participavam da reunião, ocorrida na segunda-feira, dia 20 de maio de 2024, que a greve da Educação Federal, que traz na pauta a recomposição orçamentária, é um momento ímpar para falar do problema. Também voltaram a cobrar da Reitoria uma posição favorável à suspensão do calendário acadêmico, que expresse de forma explícita o reconhecimento da legitimidade do movimento paredista.
A professora Marina Tedesco, do Comando Local de Greve da Aduff, disse que a Reitoria deveria aproveitar o momento para dar ampla visibilidade ao problema. "Como a gente não publiciza que a UFF está nessa pindaíba toda? Será que a melhor saída é manter as coisas como se estivéssemos na normalidade? Não é hora de escancarar o problema?", disse a docente , defendendo ainda que as reitorias, por meio da Andifes, deveriam somar forças com as entidades nacionais das categorias em greve para exigir o fim dessa precariedade orçamentária.
O professor Antonio Claudio alegava que a administração da universidade já vem fazendo isso e que todos os dados são públicos e já foram expostos. Ficou evidente, porém, que o pleito dos movimentos paredistas ainda não foi contemplado nas ações elencadas pelo reitor, como audiências virtuais com baixa divulgação.
Esse aspecto foi exposto pela representação da Aduff e, após pressão dos segmentos, o reitor concordou em convocar uma audiência pública presencial sobre o orçamento da universidade, a ser realizada até a primeira quinzena de junho.
Situação é grave
O orçamento era a pauta central da reunião, que começou com o pró-reitor de Planejamento e Orçamento, Júlio Andrade, apresentando um quadro geral da situação financeira da universidade. Pelo Comando de Greve da Aduff participaram, além de Marina, as professoras Renata Vereza e Kate Lane.
Ao longo do debate, por algumas vezes repercutiu a notícia sobre a gravidade da crise divulgada pela Aduff no início do mês, após reunião anterior com a Reitoria. Segundo a própria administração central da instituição, a previsão orçamentária contempla o funcionamento da universidade somente até agosto.
Em setembro, a UFF não teria mais como se manter caso o quadro não seja revertido ou a administração não consiga esticar o orçamento reduzindo custos e administrando dívidas, entre elas a da energia. Há dívidas de janeiro para cá com a Enel, referente a blocos de consumo previstos no contrato - pagos intercaladamente para evitar cortes no fornecimento.
A Reitoria voltou a confirmar a gravidade da situação. Mas o reitor ressaltou que a UFF, que não é uma empresa, não vai fechar. Porém, disse, já conta que se repita o 'sofrimento' na administração da universidade sob um orçamento muito inferior ao necessário até o fim do ano.
Logo após o término da atividade, o pró-reitor de orçamento, em entrevista à reportagem da Aduff, disse acreditar que a repercussão com a notícia difundida após a reunião anterior reflete a gravidade de uma crise que impede o funcionamento pleno da universidade. É isso que os comandos das greves da UFF querem expor à sociedade com a audiência pública, para buscar romper com uma aparente e insustentável normalidade institucional.
Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho
