Out
18
2012

Carta aos estudantes da UFF

Prezados (as) estudantes da Universidade Federal Fluminense,
A greve Nacional das Instituições Federais de Ensino (IFE), a qual os docentes da UFF aderiram em 22 de maio deste ano, teve como objetivo a defesa da Universidade pública, gratuita e de qualidade. Isso se traduziu na definição de alguns pontos fundamentais como a Carreira Docente e as Condições de Trabalho.

Uma carreira bem estruturada é fundamental para garantir o ensino, a pesquisa e a extensão dentro da Universidade.  Assim, pontos como carreira única, equanimidade entre os níveis remuneratórios, valorização da dedicação exclusiva e remuneração adequada são importantes na construção de um espaço de docência valorizado e passível de se desenvolver com a qualidade almejada.

Por outro lado, as condições reais de trabalho são elementos fundamentais para a viabilização deste projeto de educação e estão atreladas às questões de carreira. Desta forma, em nossas reivindicações insistimos na necessidade de concursos públicos; conclusão das obras nos prédios; ampliação do número e melhoria das bibliotecas e dos laboratórios; expansão da assistência estudantil; aumento da verba para financiamento das Instituições Federais de Ensino, entre outras.

É importante observar que toda essa pauta vem sendo apresentada desde 2010, sem que, contudo, algum ganho tenha ocorrido. O movimento grevista iniciou-se, então, como uma tentativa de pressionar o governo a abrir efetivas negociações sobre a pauta pretendida. Ressaltamos que a luta dos docentes foi acompanhada pela dos estudantes e dos técnicos administrativos, gerando um movimento amplo pela melhoria da qualidade da educação nas IFE.

Embora tenhamos realizado uma greve forte, com um enorme apoio do movimento estudantil e da opinião pública, o governo se manteve intransigente. Rompeu as negociações com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) em 31/08/2012 e encaminhou ao Congresso Nacional um Projeto de Lei (PL 4368/2012) que desestrutura a carreira dos servidores da educação. A proposta coloca em risco a autonomia universitária, retira direitos conquistados e flexibiliza o regime de dedicação exclusiva, favorecendo a privatização “por dentro” das IFE. A intransigência também se manifestou na negativa em discutir com o movimento docente qualquer ponto relativo às condições de trabalho e de ensino.

A decisão pela suspensão da greve a partir do dia 17 de setembro de 2012 e a retomada das aulas, após mais de 120 dias de paralisação, se justifica por entendermos que nesse momento não havia mais condições de negociação. Porém, sua realização possibilitou conquistarmos importantes avanços na defesa da Universidade Pública.

Retomamos nossas atividades com o compromisso de garantir aos alunos a reposição adequada e de qualidade de ambos os semestres de 2012. Assim, caminha-se no sentido de ajustar no médio prazo nosso calendário acadêmico ao calendário corrente e minimizar impactos futuros.

Contudo, consideramos que é importante ter claro que o retorno às atividades regulares não implica no abandono da pauta de reivindicações, nem da defesa de uma universidade de qualidade. Agradecemos o apoio dos estudantes, essencial para o movimento. E, apesar de entendermos que, neste momento, é necessário atuar sob outras formas de mobilização, esperamos que estas nos auxiliem a acumular forças para, conjuntamente, permanecer na luta.