A Aduff-SSind foi uma entidades participantes da manifestação realizada nessa terça-feira 15, que exigiu justiça para Hiago Macedo de Oliveira Bastos, vendedor de balas na rua, assassinado no dia anterior por um policial militar a paisana, em frente a estação das Barcas, no Centro de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em nota, a Aduff também repudiou o extermínio do jovem em situação de vulnerabilidade social.
Cartazes e palavras de ordem contra o racismo e a violência deram o tom dos protestos, lembrando que no Brasil um jovem negro é morto a cada 23 minutos, como aponta o Atlas da Violência de 2018. Alguns diziam: "Parem de nos matar!" e "Vidas Negras Importam". "É uma tristeza profunda o que sinto", disse a professora Gelta Xavier, da direção da Associação dos Docentes da UFF, que participou do ato, ressaltando que não há como não se posicionar por justiça num caso tão brutal e marcado por evidências de racismo.
O crime teria acontecido após uma discussão, quando Hiago foi alvejado por Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior, policial militar lotado no 7° BPM (São Gonçalo) que estava à paisana no local. Pouco após o ato bárbaro, o policial foi levado para a 76ª Delegacia, no Centro. Amigos e parentes da vítima protestaram, ainda na tarde de segunda 14, e queimaram um colchão na Avenida Amaral Peixoto. A Polícia Civil interveio e agrediu os manifestantes, lançando spray pimenta, inclusive em crianças, como evidenciam os vídeos que circulam nas redes sociais.
Carlos Arnaud alegou tentativa de assalto, o que foi posteriormente desmentido por amigos e parentes de Hiago. O agente do Estado deve responder por homicídio doloso, quando há a intenção de matar, com motivo fútil e agravante.
Hiago trabalhava como vendedor de balas para sobreviver. Além disso, pretendia pagar uma festa de aniversário para a filha de dois anos. O assassinato dele aconteceu poucos dias após setores da sociedade civil -- entre lideranças do movimento negro, do movimento sindical e de partidos políticos -- terem ido às ruas pedir justiça pelo jovem refugiado congolês Moïses Kabagambe, morto de maneira covarde e brutal na Barra da Tijuca.
No início do mês, outro homem negro foi assassinado de forma torpe. Ao chegar no condomínio em que morava com a família, em São Gonçalo, Durval Teófilo Filho, de 38 anos, foi morto a tiros por um vizinho, o sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra. Durval era negro e foi confundido com um assaltante, a partir de uma associação perversa, colonial e racista entre a cor de uma pessoa e a marginalidade.
Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira
Foto: Atilon / reprodução redes sociais - cedida gentilmente